O mito da serpente que morde a própria cauda, o Ouroboros, é um dos símbolos mais antigos e profundos da humanidade. Ele não representa apenas a eternidade e o ciclo cósmico da vida, morte e renovação, mas também o conceito inquietante do Eterno Retorno. Olhando para o cenário global atual, com o ressurgimento de guerras e a reconfiguração da ordem mundial, o Ouroboros se revela uma metáfora sombria para o ciclo vicioso da nossa própria história.
🐍 O Ciclo que se Auto-Devora
Se o Ouroboros simboliza a autossuficiência e o fluxo infinito da existência, ele também pode ser lido como um alerta: a humanidade está presa em um ciclo de criação e autodestruição, onde o fim de uma era de paz inevitavelmente engole o seu começo, dando origem a um novo e sangrento capítulo.
As grandes guerras do passado, como os conflitos mundiais que redesenharam o mapa político do século XX, prometeram ser a "guerra para acabar com todas as guerras", gerando novas estruturas de poder e, posteriormente, a chamada "Nova Ordem Mundial". No entanto, décadas depois, a mesma engrenagem de tensões geopolíticas, disputas por recursos e choques ideológicos volta a girar, reacendendo focos de batalha.
Assistimos, com espanto, a um déjà vu histórico. As bases da nova ordem que surgem hoje parecem calcadas nas cinzas não resolvidas das ordens passadas. É o Ouroboros da História: as soluções de ontem geram os problemas de amanhã, numa repetição que sugere uma profunda inaptidão humana para aprender com os próprios erros.
✨ O Eco Espiritual do Karma Coletivo
É aqui que a espiritualidade e o conceito de Karma Mal Resolvido trazem uma camada de profundidade a esta análise. Na filosofia oriental, Karma é a lei universal de causa e efeito: toda ação (positiva ou negativa) gera uma consequência que se manifesta no futuro, nesta ou em vidas futuras.
Se aplicarmos este princípio ao nível da coletividade, podemos questionar: a sucessão de conflitos globais não seria a manifestação de um Karma Coletivo Mal Resolvido?
As ações de ganância, opressão e violência em massa, perpetradas em nome de impérios, nações ou ideologias, criam uma dívida energética que não é simplesmente "paga" com o fim de uma guerra. Ela se acumula, se transforma e ecoa através das gerações, manifestando-se como o motor subjacente dos novos conflitos.
A verdadeira "Nova Ordem Mundial" só emergirá, talvez, quando a humanidade, como um corpo espiritual, conseguir quebrar esse ciclo cármico. Isso exigiria não apenas a assinatura de tratados de paz, mas uma profunda e sincera transformação da consciência coletiva, baseada no perdão, na empatia e no reconhecimento da interconexão entre todos os povos.
Enquanto a serpente da história continuar a devorar sua própria cauda, motivada pelas ações de um passado que se recusa a ser pacificado, o sonho de uma paz duradoura permanecerá uma miragem. O Ouroboros, neste contexto, é um espelho: ele reflete o nosso destino enquanto não resolvermos o karma que nos amarra ao eterno e doloroso retorno do conflito.
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