Castrati - Mais uma bizarrice da igreja na idade média

Várias coisas que aconteciam na idade média sempre nos surpreendem; como já visto em posts anteriores que abordaram torturas e costumes daquela época (sugiro que deem uma olhada nas postagens antigas); quase sempre comandados pela igreja dogmática, que realmente ditavam as regras em épocas antigas (graças a Deus que não mandam mais em nada, só nos ignorantes).

Voltando ao post, esta publicação tem como tema os Castrati. Os Castrati surgem no século XVI, quando a igreja sente a necessidade de vozes agudas em seus coros, e como a participação de mulheres era vetada pelas leis da Igreja Católica, tornou-se comum o uso de jovens castrados nesses coros. Isso mesmo que voces leram, para atingir esta extensão era preciso que o jovem fosse submetido a uma operação de corte dos canais provenientes dos testículos. Abaixo está uma imagem mostrando o aparelho utilizado para castração na época (não me perguntem como funciona rs).


 Segundo a ciência, a castração antes da puberdade (ou na sua fase inicial) impede a liberação para a corrente sanguínea dos hormônios sexuais produzidos pelos testículos, os quais provocariam o crescimento normal da laringe masculina (para o dobro do comprimento) entre outras características sexuais secundárias, como o crescimento da barba.

Quando o jovem castrato chega à idade adulta, o seu corpo desenvolve-se, nomeadamente em termos de capacidade pulmonar, mas a sua laringe não. A sua voz adquire assim uma tessitura única, com um poder e uma flexibilidade muito diferentes, tanto da voz da mulher adulta, como da voz mais aguda do homem não castrado (contratenor). Por outro lado, a maturidade e a crescente experiência musical do castrato tornavam a sua voz marcadamente diferente da de um jovem.

O papa Sisto V aprovou em bula papal de 1589 o recrutamento de castrati (plural de castrato) para o coro da Igreja de São Pedro, em Roma. Antes, o Duque de Ferrara, por volta da década de 1550, tinha castrati no coro de sua capela. Confira no video abaixo, como é a voz de um Castrati cantando Ave Maria em uma gravação de mais de 100 anos de idade:



 As castrações eram feitas em rapazes pobres, órfãos ou abandonados, sem a proteção familiar. Às vezes, a própria família impossibilitada de cuidar do filho, entregava-o à castração. No século XVI o castrato passou a ser visto com prestígio e símbolo de ascensão social. Os castrati tornaram-se integrantes das óperas no seu auge, nos séculos XVII e XVIII. O papel principal dessas óperas era em grande parte, escrito para o castrato, que adquiria grande importância intelectual nos meios europeus. As óperas de Handel são feitas para os castrati. A interpretação barroca dessas óperas é toda feita por castrati.

Incrível onde a crueldade do ser humano é capaz de chegar para atingir a beleza ou o sucesso de um espetáculo buscando o entreterimento das classes mais ricas; se bem que atualmente isso não mudou muito, basta vermos que as maiores audiências da televisão são baseadas no sofrimento e desgraça dos outros.



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