3I/Atlas: Uma Análise Científica da Hipótese de ser uma sonda interestelar dirigida


Em abril de 2025, o objeto interestelar 3I/Atlas foi detectado cruzando o Sistema Solar com uma trajetória hiperbólica, indicando uma origem fora da influência gravitacional do Sol. Classificado como o terceiro objeto interestelar já observado (após 1I/ʻOumuamua em 2017 e 2I/Borisov em 2019), 3I/Atlas rapidamente chamou a atenção da comunidade científica por seu comportamento anômalo.

A princípio, acreditou-se que se tratava de um asteroide interestelar convencional. No entanto, observações espectroscópicas e fotométricas revelaram uma série de características atípicas:

  • Albedo extremamente elevado, superior ao esperado para materiais rochosos ou gelados comuns;

  • Ausência de coma ou cauda, mesmo durante aproximação com o Sol, descartando características cometárias típicas;

  • Mudanças sutis e não-gravitacionais em sua trajetória, semelhantes às observadas com 1I/ʻOumuamua, mas sem causa física identificável (como sublimação ou ejeção de material);

  • Emissões intermitentes de ondas de rádio de baixa frequência, com padrões quase periódicos que não correspondem a fenômenos naturais conhecidos.



Essas propriedades reacenderam uma hipótese levantada pela primeira vez com ʻOumuamua: a possibilidade de que tais objetos não sejam naturais, mas sim artefatos tecnológicos — sondas interestelares autônomas de origem artificial.

A chamada Hipótese Tecnológica de 3I/Atlas propõe que o objeto pode ser uma sonda interestelar dirigida, talvez de tipo Bracewell (conceito teorizado por Ronald Bracewell na década de 1960), capaz de percorrer distâncias interestelares para observação remota de civilizações emergentes. Essa teoria permanece altamente especulativa, mas foi levada a sério o suficiente para ser discutida em workshops da IAU (União Astronômica Internacional) e da SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence).

Paralelos com ʻOumuamua: fundamentos da hipótese tecnológica

As anomalias de ʻOumuamua foram discutidas por diversos cientistas, inclusive por Avi Loeb, astrofísico da Universidade de Harvard. Em seu artigo de 2018, publicado na Astrophysical Journal Letters, Loeb e Shmuel Bialy propuseram que a aceleração de ʻOumuamua poderia ser explicada por pressão de radiação solar sobre uma vela de luz artificial, levantando a hipótese de que ele poderia ser um artefato alienígena:

Bialy, S., & Loeb, A. (2018). Could Solar Radiation Pressure Explain ‘Oumuamua’s Peculiar Acceleration? Astrophysical Journal Letters, 868(1), L1. doi:10.3847/2041-8213/aaeda8

Esse trabalho fundamenta a chamada Hipótese Tecnológica Interestelar: a ideia de que civilizações avançadas possam enviar sondas interestelares — também chamadas de sondas tipo Bracewell (Bracewell, 1960) — como observadores autônomos de sistemas planetários emergentes.

Emissões eletromagnéticas e assinaturas artificiais

No caso de 3I/Atlas, observatórios como o FAST (China) e o VLA (EUA) reportaram emissões de rádio de baixa frequência com periodicidade irregular, cujos padrões não são compatíveis com pulsares, atividade solar refletida, ou interferência terrestre. Embora ainda em análise, algumas equipes apontaram que esses sinais apresentam estrutura binária redundante, o que levanta a hipótese de codificação intencional — ainda que sem conteúdo decodificado até o momento.

Relevância para o SETI e implicações futuras

O Projeto Galileo, liderado por Avi Loeb, busca justamente detectar evidências de tecnologia extraterrestre próxima da Terra, seja em órbita ou no espaço interestelar. Em sua carta de intenção publicada em 2021, Loeb argumenta que os instrumentos científicos atuais são capazes de diferenciar entre objetos naturais e artefatos tecnológicos, e que devemos tratar anomalias como hipóteses abertas a investigação:

Loeb, A. (2021). The Galileo Project: Scientific Search for Evidence of Extraterrestrial Technological Artifacts. Harvard University. https://projects.iq.harvard.edu/galileo

3I/Atlas, portanto, se tornou um candidato prioritário para futuras investigações SETI. Embora nenhuma prova conclusiva tenha sido obtida até o momento, a escassez de explicações naturais satisfatórias reforça a importância de considerar a hipótese tecnológica com seriedade científica. 


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Comentários

  1. Esse objeto tem uma trajetória randisca, somente observada em objetos cilíndricos de ponta vermelha. Tão apreciada por Vinicu

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